Tatuagens da Alma

desde que aquele professor, com aquela mania do crachá (lembra?), disse aquilo do "ser e ter, ter e ser", nunca mais me esqueci. isso tem me perseguido. tenho escutado a mesma coisa, de forma diferente, diversas vezes desde então. ontem mesmo uma amiga compartilhou um vídeo de um padre que eu até gosto bastante falando exatamente sobre isso. desde a primeira vez eu ouvi, aquilo foi tatuado dentro de mim e a vida tem ajudado bastante na tarefa do retoque. pois bem, pra você que não está entendendo nada, eu explico:
é que num dia normal da faculdade, um professor desse tipo "zé ninguém presta atenção" estava dando sua aula para as paredes, pra mim e pra mais uma meia dúzia de moscas que prestavam atenção numa palavra ou outra. ele tinha algumas manias como: falar muito da própria vida e de não largar aquele crachá que ficava preso num elástico. sim, ele dava duas horas de aula puxando pra cima e pra baixo aquele crachá no pescoço. se eu fosse especialista no assunto, diria que mais dois anos e ele vai precisar de fisioterapia para o pulso. eu gostava dele. eu e minha queda por pessoas peculiares e um tanto quanto.. hum.. pitorescas? (ps: outra palavra tatuada na alma, por algum outro momento que depois eu explico, em outro texto, talvez...) mas voltando... nesse dia, esse professor virou meu tatuador. eu mal lembro o nome dele (na verdade eu não lembro o nome). ele estava um pouco estressado, e falou a aula inteira sobre qualquer outra coisa, menos "história da arte II". num dado momento, envolvido com seu crachá, quase que pensando alto, ele soltou: "a gente gosta muito de dizer que tem. tem isso, tem aquilo, tem aquilo outro, tem mais que um, tem menos do que gostaria. mas a gente esquece que o que importa mesmo é poder dizer 'eu sou'. o ser nunca pode ser menor que o ter". aquilo significou muito pra mim, até pq fazia todo sentido dentro do momento que eu estava vivendo. depois percebi que faz sentido em todos os momentos mesmo.
acontece que a gente vive esquecendo o que realmente importa. vivemos tão afundados nessa dolorosa rotina, nessa busca incansável (porém totalmente exaustiva) por dinheiro, que esquecemos que na verdade a gente só quer ser feliz. tiraram nosso foco. se algum dia conseguimos enxergar as coisas de forma clara, parece que em algum momento colocaram uma lente nos nossos olhos. fingimos que buscamos ser felizes, quando na verdade, nosso objetivo passou a ser TER pra SER. faz sentido?
eu duvido que você nunca tenha esbarrado em nenhuma frase de efeito que te levou a pensar nisso. eu duvido que você nunca tenha parado um dia pra falar "mas o que eu estou fazendo? eu quero isso mesmo? está tudo certo?". não, gente, não está tudo certo, está tudo errado. precisamos começar a buscar a felicidade de verdade, e não essa, que dizem o tempo inteiro, quase como uma lavagem cerebral, que é a felicidade que nós precisamos. NÃO deixe que as pessoas transformem a sua felicidade numa simples corrida extremamente passageira por essa tal vida.
hey, você! vamos tatuar nessa alma, aí?

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